A 4 de outubro de 2024, em Abidjan, o Conselho de Administração do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (www.AfDB.org) aprovou um financiamento de 323,75 milhões de dólares para a execução do Projeto de Desenvolvimento Integrado Burundi-Ruanda (BRIDEP). Este projeto visa melhorar a produção agrícola, as ligações de transporte transfronteiriças e facilitar o comércio entre os dois países vizinhos da África Oriental. 

Para executar o projeto, o Fundo Africano de Desenvolvimento, a vertente concessional do Grupo Banco, concedeu dois empréstimos ao Ruanda : o primeiro no valor de 148,86 milhões de dólares, a cargo dos seus fundos próprios, e o segundo no valor de 13,32 mil milhões de ienes japoneses, proveniente da Agência de Cooperação Internacional do Japão. Relativamente ao Burundi, o Fundo fez uma doação de 48,94 milhões de dólares, reforçada por outra doação de 26,95 milhões de dólares do Instrumento de Apoio à Transição. A componente Burundi beneficiará igualmente de um cofinanciamento de cerca de 50 milhões de dólares do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola.  

O projeto adota uma abordagem multissetorial que visa enfrentar os desafios da integração regional e do comércio do lado da oferta, através da transformação do sector agrícola para aumentar a produção e a produtividade, reforçando assim a capacidade de comércio de produtos agrícolas entre os dois países. Estas intervenções serão complementadas por melhorias na conectividade dos transportes através da modernização de uma rede de estradas secundárias e transfronteiriças que liga as zonas de produção aos centros de montagem e aos mercados. Esta rede rodoviária desempenha um papel fundamental no estabelecimento de ligações com o Corredor Central e o Corredor Setentrional, os corredores de transporte mais estratégicos da Comunidade da África Oriental.

A componente Burundi do projeto, centrada na agricultura, inclui a divulgação de tecnologias comprovadas do programa “Tecnologias para a Transformação Agrícola de África” (TAAT) e a criação de infraestruturas de produção resilientes para melhorar a produtividade, a produção e a resiliência das cadeias de valor prioritárias. Isto implica facilitar o acesso às sementes e garantir a disponibilidade de fertilizantes e pesticidas para 24 mil hectares de terras desenvolvidas. O financiamento cobrirá igualmente a criação de zonas agroindustriais (agropolos) em Cibitoke e Karuzi. 

Quanto à componente ruandesa, que abrange as estradas, prevê a reabilitação de 215 quilómetros de estradas transfronteiriças, a fim de as equiparar a superfícies betuminosas, incluindo as estradas que ligam o Ruanda ao Burundi, à República Democrática do Congo e ao Uganda, ao longo dos corredores central e setentrional.  

Uma subcomponente do projeto incide na construção de um posto fronteiriço único na fronteira de Akanyaru Haut, entre o Ruanda e o Burundi, a fim de impulsionar o comércio entre os dois países e no âmbito da Comunidade da África Oriental, bem como a integração regional. 

“O projeto dará um contributo real para aumentar o abastecimento alimentar, a industrialização e a resistência climática de África, facilitando o comércio e as trocas comerciais transfronteiriças. A melhoria das infraestruturas reduzirá os custos de transporte, melhorará a eficiência da cadeia de abastecimento e atrairá o investimento direto estrangeiro”, afirmou Aïssa Touré Sarr, representante residente do Banco Africano de Desenvolvimento no Ruanda.  

Para Pascal Yembiline, representante do Banco no Burundi, “o projeto melhorará a produtividade e aumentará a produção agrícola e pecuária nas quatro cadeias de valor visadas pelo compacto do Burundi (arroz, milho, aves de capoeira e carne de porco), e criará cerca de 20 mil postos de trabalho adicionais, reforçando simultaneamente as capacidades e as intervenções dos setores público e privado e das organizações de produtores. “Trata-se de um projeto que responde à necessidade de resiliência climática e nutricional, atua como catalisador na mobilização de recursos adicionais de outros parceiros, nomeadamente do FIDA, mas também como força motriz na transformação da agricultura, favorecendo a abordagem abrangente, e contribuirá diretamente para a concretização da visão de desenvolvimento do Burundi 2040-2060 e da estratégia ‘Alimentar África’ do Banco”, acrescentou. 

O Projeto de Desenvolvimento Integrado Burundi-Ruanda centra-se principalmente na planície de Ruzizi (na fronteira entre o Burundi, a República Democrática do Congo e o Ruanda), na região centro-oriental do Burundi, e nas estradas transfronteiriças nas regiões noroeste e sudoeste do Ruanda.  

O projeto beneficiará diretamente 120 mil burundianos, dos quais 80 mil nas províncias de Bubanza, Bujumbura e Cibitoke, e 40 mil nas províncias de Gitega, Karuzi e Muramvya. No Ruanda, o projeto estende a reparação de estradas às regiões noroeste e sudoeste, perto do Burundi e da RDC, beneficiando cerca de 2 milhões de pessoas (600 mil no Burundi e 1,4 milhões no Ruanda). Os beneficiários do projeto incluem agricultores, comerciantes e a população em geral, que beneficiarão da reabilitação das infraestruturas rodoviárias, bem como de uma melhor conetividade e comércio.