O Conselho de Administração do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (www.AfDB.org) aprovou um empréstimo de 63 milhões de euros ao Quénia para apoiar um aumento de produção de dois milhões de toneladas de cereais e sementes oleaginosas nos próximos dois anos. O aumento da produção ajudará a reforçar a segurança alimentar nacional e a resiliência económica.

O empréstimo faz parte do Mecanismo Africano de Produção Alimentar de Emergência do Banco Africano de Desenvolvimento, no valor de 1,5 mil milhões de dólares, uma iniciativa a nível de toda a África para evitar uma crise alimentar que se aproxima e que é exacerbada pela guerra na Ucrânia.

O empréstimo irá apoiar o Ministério da Agricultura, Pecuária, Pescas e Cooperativas do país (MoALFC). Permitirá ao governo fornecer rapidamente fertilizantes e sementes a preços acessíveis aos agricultores antes das chuvas curtas de outubro e dezembro de 2022 e durante a época de produção de chuvas longas de 2022/2023.

O projeto implica a entrega de sementes certificadas, fertilizantes e extensão agrícola aos agricultores para aumentar a produtividade. Será utilizado um sistema de e-voucher para assegurar que os subsídios aos fatores de produção sejam ‘smart’.

Outra componente do projeto fornecerá garantias de financiamento comercial e alavancará o setor privado para assegurar a disponibilidade de volumes suficientes de fertilizantes para os agricultores. Para além de aumentar a disponibilidade de alimentos básicos, o projeto, que visa os pequenos agricultores, deverá beneficiar particularmente as mulheres e os jovens.

"O governo está a estudar formas e meios de abordar o custo da unga (farinha de milho) para a fazer baixar para que os consumidores a possam pagar" disse o Secretário de Gabinete do MoALFC, Sr. Peter Munya, referindo-se à importação de milho.

"Temos o prazer de apresentar o Mecanismo Africano de Produção Alimentar de Emergência do Quénia", disse a Dra. Beth Dunford, Vice-Presidente do Banco para a Agricultura, Desenvolvimento Humano e Social. "A implementação bem sucedida do Mecanismo irá ter cerca de 650.000 agricultores beneficiários diretos, resultando na produção de 1,5 milhões de toneladas de cereais e sementes oleaginosas. No total, o Mecanismo terá um impacto positivo em cerca de 2,8 milhões de pessoas", acrescentou.

O setor agrícola continua a ser a espinha dorsal da economia queniana, empregando 70% da população rural e representando cerca de 65% das receitas de exportação, embora a sua quota no PIB tenha diminuído.

Ainda assim, o Quénia - e outros países da África Oriental e do Corno de África - foram duramente atingidos não só pelos efeitos inflacionistas da guerra na Ucrânia, mas também pelas pragas de gafanhotos e pelos impactos relacionados com o clima e a seca. O número de pessoas em insegurança alimentar nas áreas pastoris e marginais do país aumentou 48% entre agosto de 2021 e fevereiro de 2022, de acordo com estimativas.

Estes choques sobrepostos - juntamente com a pandemia de Covid-19 - têm atrasado o progresso do Quénia no sentido de alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

A 20 de maio, o Conselho de Administração do Grupo Banco aprovou o Mecanismo Africano de Produção Alimentar de Emergência, que fornecerá sementes agrícolas a 20 milhões de agricultores africanos. O objetivo é produzir mais 38 milhões de toneladas de alimentos, principalmente trigo, milho, arroz e soja, que irão gerar 12 mil milhões de dólares nos próximos dois anos.