Fonte: African Development Bank Group (AfDB) |

República Democrática do Congo: um projeto financiado pelo Banco Africano de Desenvolvimento retira milhares de crianças das minas de cobalto e leva-as de volta à escola

O projeto ajudou a retirar muitas crianças congolesas das minas artesanais de cobalto e a requalificar milhares de jovens na agricultura

ABIDJAN, Costa do Marfim, 8 de fevereiro 2024/APO Group/ --

Lançado em 2019 na República Democrática do Congo, o Projeto de Apoio ao Bem-Estar de Crianças e Jovens nas Minas de Cobalto (https://apo-opa.co/3SvpVA4) está a aproximar-se do final da sua execução, prevista para dezembro de 2024. Financiado em 78 milhões de dólares pelo Fundo Africano de Desenvolvimento – o braço de empréstimos concessionais do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (www.AfDB.org) – e pelo Mecanismo de Apoio à Transição, o projeto ajudou a retirar muitas crianças congolesas das minas artesanais de cobalto e a requalificar milhares de jovens na agricultura.

No seu relatório sobre a execução e os resultados do projeto, publicado a 26 de janeiro de 2024, o Banco Africano de Desenvolvimento revela que 9.016 crianças (46,20% de raparigas) foram retiradas das minas e 3.235 jovens (de um objetivo inicial de 6.250) foram reconvertidos para a agricultura. O projeto também trouxe uma primeira vaga de 2.425 rapazes e 2.044 raparigas de volta à escola para lhes proporcionar uma melhor educação.

Raymond Eyoh Besong, gestor do projeto no Banco, fala sobre os resultados desta iniciativa. O objetivo de contribuir para a melhoria das condições de vida das populações das províncias de Lualaba e Haut-Katanga e de criar uma cadeia de abastecimento responsável de minério de cobalto na República Democrática do Congo será "bem e verdadeiramente alcançado", afirmou.

Tirar as crianças dos locais de exploração mineira nem sempre é conseguido, mas o projeto foi bem-sucedido. Como é que o fizeram?

O relatório de avaliação do projeto começou por fazer uma radiografia completa para identificar as causas profundas da presença de crianças nas minas e nos locais de extração artesanal. Estas causas são principalmente a pobreza das famílias e a insuficiência ou ausência de infraestruturas sociais básicas. A estratégia de intervenção adotada pelo projeto centrou-se, portanto, na resolução das duas causas principais. Esta estratégia foi inclusiva, envolvendo todas as partes interessadas na área do projeto que lutam contra o trabalho infantil: as autoridades políticas e administrativas, a sociedade civil, o setor privado, etc.

Algumas crianças passaram das minas para a sala de aula. Como é que conseguiram trazê-las de volta à escola e como é que elas se adaptaram?

A abordagem holística do projeto, que combina a reintegração social das crianças (escolaridade, nutrição, saúde, psicologia e registo civil) e a reconversão socioeconómica dos pais na agroindústria, bem como a sensibilização e o conjunto de atividades previstas desde a avaliação do projeto, incluindo a identificação dos beneficiários diretos, são os principais incentivos que encorajaram as crianças a regressar à escola e os pais a mantê-las lá.

A criação dos Centros de Promoção do Empreendedorismo Juvenil na Agroindústria convenceu os líderes locais, as próprias comunidades e os pais das crianças identificadas da eficácia, sustentabilidade e apropriação do projeto, ao mesmo tempo que os tranquilizou quanto à capacidade dos pais para continuarem a assumir a responsabilidade social pelos seus filhos após o projeto.

 Através de ações de sensibilização contínuas, o Projeto de Apoio ao Bem-Estar das Crianças e Jovens nas Minas de Cobalto (PABEA-Cobalto) recordou sempre às crianças que o seu lugar não é nas minas, mas sim na escola. A distribuição de kits escolares (mochilas, cadernos, uniformes, calçado, etc.), de kits de higiene e o pagamento das propinas facilitaram a estas crianças beneficiárias a sensação de estarem nas mesmas condições que os outros alunos, podendo facilmente integrar-se e adaptar-se a grupos de crianças sem complexos.

Cerca de metade dos jovens que foram alvo de uma reconversão profissional na agricultura regressaram efetivamente à terra. Porque é que os jovens estão tão entusiasmados?

Este entusiasmo explica-se pelo facto de estes jovens estarem conscientes de que a pequena agricultura, nas condições em que a praticam, é um trabalho de alto risco (doenças respiratórias, doenças de pele, acidentes mortais devido a desabamentos de terras, etc.). Quando lhes foi apresentada a agroindústria como alternativa à exploração mineira, manifestaram o desejo de serem reconvertidos no setor agrícola. Este desejo foi também gerado pelo facto de terem visto serem construídas infraestruturas agrícolas para os apoiar nesta reconversão.

O relatório de avaliação do Banco sugere que o projeto deve ser prolongado. Quais são as atividades restantes?

Falta ainda construir e pôr em funcionamento os centros de formação profissional de ofícios agrícolas, artesanato mineiro, corte e costura, etc., bem como apoiar eficazmente as cooperativas agrícolas criadas nas suas atividades de produção agroindustrial.

O relatório de avaliação refere igualmente uma comunicação ativa sobre o projeto. Como é que isso vos ajudou a atingir os vossos públicos-alvo?

O PABEA-Cobalt elaborou uma estratégia de comunicação e um plano estratégico de comunicação e sensibilização para promover o bem-estar alternativo. Para implementar esta estratégia e este plano, o projeto utilizou todos os canais de comunicação, incluindo estações de rádio comunitárias, contactos porta-a-porta, redes sociais, grupos de discussão, e meios de comunicação tradicionais nacionais e locais (rádio, televisão, jornais, cartazes, imagens, etc.).

Distribuído pelo Grupo APO para African Development Bank Group (AfDB).

Sobre o Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento:
O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento é a principal instituição financeira de desenvolvimento em África. Inclui três entidades distintas: o Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB), o Fundo Africano de Desenvolvimento (ADF) e o Fundo Fiduciário da Nigéria (NTF). Presente no terreno em 41 países africanos, com uma representação externa no Japão, o Banco contribui para o desenvolvimento económico e o progresso social dos seus 54 Estados-membros. Mais informações em www.AfDB.org