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    • Al Hamndou Dorsouma, chefe da divisão de Clima e Crescimento Verde do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (ao centro do painel), citou vários mecanismos do Grupo Banco relacionados à relação entre clima, paz e segurança
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Fonte: African Development Bank Group (AfDB) |

30.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP 30): Banco Africano de Desenvolvimento reforça investimentos no nexo clima-paz-segurança

Não só nove dos dez países mais vulneráveis às alterações climáticas no mundo se situam em África, como também 12 dos 19 países mais afetados por conflitos armados

Apelo a cada um de nós para redobrar os esforços para construir uma África mais resiliente ao clima e mais pacífica

ABIDJAN, Costa do Marfim, 27 de november 2025/APO Group/ --

As alterações climáticas, das quais África é a primeira vítima, exacerbam os graves e crescentes desafios de segurança no continente, nomeadamente em matéria de terrorismo, conflitos armados e conflitos intercomunitários, ameaçando a estabilidade e até mesmo a sobrevivência das populações. De facto, não só nove dos dez países mais vulneráveis às alterações climáticas no mundo se situam em África, como também 12 dos 19 países mais afetados por conflitos armados e nove dos 20 países em situação de fragilidade institucional e social se situam no continente.

Para ter em conta o nexo clima-paz-segurança, o Gabinete das Nações Unidas junto da União Africana, a Comissão Económica das Nações Unidas para África e a Comissão da União Africana organizaram, a 14 de novembro de 2025, em Belém, onde se realiza a 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP 30), um encontro com o tema ‘Adaptação para a estabilidade – Desenvolver parcerias para a paz e a resiliência climática em África’.

O evento reuniu representantes de organizações internacionais, instituições de financiamento do desenvolvimento, da sociedade civil e atores do desenvolvimento.

“As alterações climáticas amplificam os conflitos e a fragilidade no continente. Só em 2024, as catástrofes climáticas provocaram 9,8 milhões de novas deslocações internas em África, sublinhando o quanto os riscos climáticos e a mobilidade forçada estão profundamente interligados”, afirmou Al Hamndou Dorsouma, chefe da divisão Clima e Crescimento Verde do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento.

“A diminuição e a irregularidade das precipitações, bem como a escassez de água, alteraram os padrões migratórios sazonais das comunidades pastorais africanas, aumentando a concorrência entre grupos pastorais e entre comunidades pastorais e agrícolas. Isto levou a conflitos recorrentes em quase todas as regiões do continente, da Etiópia ao Darfur, do Quénia à Nigéria e em todo o Sahel”, acrescentou.

“Não há implementação de projetos climáticos sem paz; não se pode combater as alterações climáticas sem paz”, sublinhou Nazanine Moshiri, consultora sénior em parcerias estratégicas para o clima e a paz na Fundação Berghof.

“Como instituição financeira de desenvolvimento líder no continente, o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento está totalmente empenhado em trabalhar com os países africanos e os parceiros de desenvolvimento para reforçar a resiliência climática, ao mesmo tempo que aborda as causas profundas dos conflitos e da fragilidade”, assegurou Dorsouma.

“Convido os nossos colegas e parceiros aqui presentes, bem como aqueles que estão online, a concentrar os nossos esforços no financiamento: investir em sistemas de alerta precoce e medidas de adaptação não é apenas um imperativo humanitário, mas também uma solução economicamente racional e sustentável. Porque cada dólar investido na adaptação e resiliência climáticas gera um retorno de dois a dez dólares sobre o investimento”, acrescentou.

Segundo o diretor do Centro de Previsão e Aplicações Climáticas da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), Abdi Fidar, é agora difícil separar o nexo segurança-clima, porque as zonas frágeis não beneficiam de financiamento climático.

A resposta do Banco Africano de Desenvolvimento ao nexo clima-paz-segurança é de três ordens, detalhou Dorsouma. Em primeiro lugar, através da sua Estratégia sobre Fragilidade e Resiliência e do seu Mecanismo de Apoio à Transição (FAT), um mecanismo de financiamento concessional destinado a 37 países africanos de baixos rendimentos e que vivem em situações de fragilidade. Além disso, o Banco dispõe de um Quadro Estratégico sobre Alterações Climáticas e Crescimento Verde para 2030, que colocou a questão da relação entre clima, paz e segurança no centro das suas prioridades em matéria de adaptação às alterações climáticas em África.

A instituição pan-africana de desenvolvimento introduziu recentemente inovações na conceção das suas operações, tendo em conta as dimensões da fragilidade e da vulnerabilidade climática e, sobretudo, o aumento dos recursos financeiros para a adaptação e a resiliência. Em 2023, o Grupo Banco lançou a Janela de Ação Climática (https://apo-opa.co/3M1v43c) no âmbito do Fundo Africano de Desenvolvimento, dotado de cerca de 450 milhões de dólares. Num ano de operações, a Janela já apoiou 59 projetos de ação climática em países africanos que vivem em situação de fragilidade e vulnerabilidade climática, dos quais 41 focados na adaptação e 18 na mitigação, num valor acumulado de 386 milhões de dólares, detalhou Dorsouma, que citou outros instrumentos criados para enfrentar a questão do clima e da segurança.

“Reforçar a resiliência e, ao mesmo tempo, lidar com a fragilidade, exige uma ação conjunta em todo o espetro, desde a ajuda humanitária até à consolidação da paz mas, acima de tudo, com ênfase nos esforços de desenvolvimento resiliente às alterações climáticas, única garantia para salvaguardar os ganhos de desenvolvimento já alcançados e evitar que as alterações climáticas continuem a amplificar a fragilidade e a comprometer os esforços para alcançar o desenvolvimento sustentável. Apelo a cada um de nós para redobrar os esforços para construir uma África mais resiliente ao clima e mais pacífica”, declarou o representante do Grupo Banco.

Charles Mwangi, responsável pelos programas da Aliança Pan-Africana para a Justiça Climática, explicou que a sociedade civil, muitas vezes a mais próxima das comunidades afetadas, deve ser tida em conta nas discussões e na definição das políticas nacionais, continentais e globais sobre o clima, a paz e a segurança, para eliminar os riscos e as injustiças locais que podem estar na origem de conflitos.

Distribuído pelo Grupo APO para African Development Bank Group (AfDB).

Sobre o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento:
O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento é a principal instituição financeira de desenvolvimento em África. Inclui três entidades distintas: o Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB), o Fundo Africano de Desenvolvimento (ADF) e o Fundo Fiduciário da Nigéria (NTF). Presente no terreno em 41 países africanos, com uma representação externa no Japão, o Banco contribui para o desenvolvimento económico e o progresso social dos seus 54 Estados-membros. Mais informações em www.AfDB.org/pt