“A importância da divulgação ESG para atrair financiamento para o desenvolvimento sustentável em África não pode ser exagerada. Já não é um complemento opcional; é uma necessidade se África quiser prosperar e não apenas sobreviver no século XXI”, afirmou Solomon Quaynor, Vice-Presidente do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (www.AfDB.org), na abertura do Fórum ESG de África, hoje em Abidjan, Costa do Marfim.

O evento de dois dias, organizado conjuntamente pelo Banco Africano de Desenvolvimento, o Centro de Cooperação Multilateral para o Financiamento do Desenvolvimento (MCDF) (http://apo-opa.co/4eQY1bJ) e o Making Finance Work for Africa (MFW4A), decorre sob o tema Construir um Ecossistema Financeiro Sustentável para África: Uma Abordagem Colaborativa para a Divulgação ESG. 

O fórum tem como objetivo catalisar a colaboração e a partilha de conhecimentos sobre questões ESG, abrindo caminho para a criação de uma plataforma centralizada de divulgação de informações ESG em África e integrando os princípios ESG nas estratégias de desenvolvimento do continente. 

A MFW4A é uma plataforma para os governos africanos, o setor privado e os parceiros de desenvolvimento coordenarem o desenvolvimento do setor financeiro em todo o continente. O seu secretariado está sediado no Grupo Banco Africano de Desenvolvimento. 

Quaynor, o Vice-Presidente do Grupo Banco para o Setor Privado, Infraestruturas e Industrialização, sublinhou a urgência de adotar práticas ESG robustas. “Alcançar o desenvolvimento sustentável requer investimentos financeiros substanciais que não virão sem confiança, transparência e responsabilidade”, afirmou, salientando ainda que África enfrenta uma fraca sensibilização para a importância do ESG, infra-estruturas inadequadas para a recolha de dados e um envolvimento político inconsistente. A fragmentação das normas de divulgação ESG pode levar a que África seja excluída dos mercados de capitais globais, que dão cada vez mais prioridade à sustentabilidade.

Quaynor observou: “Ao facilitar uma melhor disponibilidade de dados e promover as melhores práticas, podemos melhorar o envolvimento das partes interessadas e promover uma maior confiança entre investidores e empresas, o que é essencial para construir um ecossistema financeiro sustentável que beneficie todos”.

Frederic Wiltmann, chefe da equipa de projeto da MCDF, explicou o seu trabalho de apoio ao investimento sustentável. “Agora temos vários programas de capacitação focados em facilitar o financiamento do comércio, o desenvolvimento de infraestrutura de conetividade e as salvaguardas ambientais e sociais ; um dos pilares envolve o estabelecimento desta iniciativa do Centro de Divulgação, e o fórum de hoje serve como um lançamento para este programa de capacitação, do qual esperamos que o Centro de Divulgação seja um dos principais resultados.”

As sessões do dia de abertura incluíram a discussão do desenvolvimento de uma taxonomia ESG africana e uma visão geral do panorama global da divulgação ESG. “Apesar dos desafios que enfrentamos, existem muitas oportunidades para África liderar a reforma da sustentabilidade, e a criação do Centro de Excelência em Sustentabilidade é fundamental para impulsionar a adoção de normas internacionais”, afirmou Lebogang Senne, Diretora Técnica da Federação Pan-Africana de Contabilistas (PAFA). O conselho da PAFA aprovou, em agosto de 2024, a criação de um Centro de Excelência para acelerar a adoção e implementação em toda a África das Normas de Divulgação de Sustentabilidade IFRS do Conselho Internacional de Normas de Sustentabilidade (ISSB). 

Numa sessão intitulada “Perspectivas das Iniciativas de Finanças Sustentáveis”, Wakesho Sonje, do ICEA LION GROUP, afirmou que a Declaração de Nairobi para os Seguros Sustentáveis está a impulsionar a integração das questões ESG no setor dos seguros em África, com 219 membros em 36 países empenhados em princípios sustentáveis e ODS. Destacou também que estão a ser desenvolvidos produtos inovadores, como os seguros paramétricos, para fazer face aos riscos relacionados com o clima e proteger as comunidades vulneráveis. Além disso, iniciativas como o Mecanismo Africano de Seguros contra o Risco Climático para a Adaptação (ACRIFA), do Banco Africano de Desenvolvimento, estão a estabelecer parcerias para atingir objectivos semelhantes, disse ela. 

Cerca de uma centena de delegados participaram fisicamente, com mais 400 online a partilharem ideias e a colocarem questões aos oradores, o que reflete um forte empenho em abordar o papel fundamental da divulgação de informações ambientais, sociais e de governação (ESG) na promoção do desenvolvimento sustentável em todo o continente.

O segundo dia contará com debates interessantes sobre os desafios e as oportunidades da divulgação de informações ESG em África, com a participação de líderes do setor. Além disso, as sessões centrar-se-ão nas expectativas dos investidores relativamente aos relatórios ESG, incluindo um painel de discussão com representantes de várias instituições financeiras. 

Clique aqui para ver o programa (http://apo-opa.co/3BPNHBW).