O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (www.AfDB.org) agendou discussões sobre o papel dos bancos multilaterais de desenvolvimento na construção de uma nova arquitetura de desenvolvimento para além do financiamento, nos seus Encontros Anuais, que decorrem de 22 a 26 de maio de 2023 em Sharm el-Sheikh, no Egito.

A importância deste tema deriva do facto de que o multilateralismo enfrenta atualmente grandes desafios, particularmente em termos de resposta às alterações climáticas, conflitos, fragilidade social e pandemias. As organizações internacionais, lutando para agir de forma coordenada, deveriam maximizar os seus recursos, envolvendo os governos, o setor privado e outras partes interessadas no sentido de provocar uma mudança significativa. Caso contrário, as economias menos desenvolvidas ficarão ainda mais enfraquecidas.

Do ponto de vista do financiamento do desenvolvimento, uma questão-chave que será certamente abordada neste evento é a redução do atual nível de concentração de recursos, bem como a promoção da inclusão e uma melhor coordenação entre os bancos multilaterais de desenvolvimento. Em África, o Banco Africano de Desenvolvimento acumulou uma riqueza de conhecimentos sobre as prioridades globais de desenvolvimento. Está a lidar no terreno com uma multiplicidade de mecanismos bilaterais e multilaterais de financiamento do desenvolvimento.

É portanto possível que as discussões sobre esta questão se centrem na forma como os papéis dos diferentes agentes do desenvolvimento em África podem ser partilhados.

Outra questão é a procura de uma melhor representação dos países africanos nas estruturas de financiamento do desenvolvimento. Os participantes na discussão poderão também trocar opiniões sobre a possibilidade de promover uma maior transparência e coordenação global entre os credores, a fim de promover uma reestruturação ordenada da dívida soberana em África. Deste ponto de vista, o Banco Africano de Desenvolvimento não esconde a sua vontade de desempenhar um papel de liderança para fazer avançar esta questão.

Mas para o conseguir, o Banco, como instituição multilateral de desenvolvimento líder no continente africano, terá de continuar a demonstrar a sua capacidade de melhorar ainda mais as suas capacidades institucionais e a promoção da transparência e da responsabilização, bem como a coordenação com instituições regionais e nacionais para melhor enfrentar os desafios emergentes.

Qualquer que seja a abordagem a esta questão, são necessárias reformas para melhor responder aos atuais desafios e permitir aos países africanos beneficiarem de financiamento adaptado às suas necessidades.

Este é o sentido do apelo a uma parceria renovada apresentado pelo Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, e pelo candidato americano à Presidência do Banco Mundial, Ajay Banga. Durante uma visita à sede da instituição pan-africana em Abidjan, a 6 de março, o Sr. Banga falou da necessidade de o Grupo Banco Mundial desenvolver uma forte parceria com o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento para alcançar resultados transformadores.

O Sr. Adesina concordou que o Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento deveriam encontrar uma nova forma de trabalhar em conjunto. "Isto vai para além do aspeto financeiro. Trata-se mais de como trabalhamos em conjunto para otimizar os recursos, envolvendo os governos, o setor privado e outras partes interessadas a fim de provocar uma mudança significativa", argumentou.

Os dois líderes concordaram que o setor privado pode desempenhar um papel importante na mobilização dos recursos de capital necessários para um desenvolvimento económico significativo. Isto inclui o capital do setor privado, o engenho e a inovação necessários para lidar com os muitos desafios que o mundo enfrenta.

Esta visão está em plena consonância com o tema dos Encontros Anuais de 2023 do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento: "Mobilizar o Financiamento do Setor Privado para o Clima e o Crescimento Verde em África".