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- A Dra. Beth Dunford, vice-presidente do AfDB para a Agricultura e Desenvolvimento Social e Humano, apresenta as iniciativas do Banco sobre o ODS 6 e a ação climática
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Conferência das Partes (COP28): Líderes dos bancos multilaterais de desenvolvimento debatem como acabar com o défice de financiamento da natureza e da água
O Banco Africano de Desenvolvimento comprometeu-se a quadruplicar o seu financiamento para a adaptação às alterações climáticas, de modo a atingir 25 mil milhões de dólares até 2025
A sobre-exploração dos recursos naturais à escala global colocou o mundo em risco de desestabilizar todo o planeta e estamos num estado de emergência planetária
Os líderes dos bancos multilaterais de desenvolvimento que participam na conferência mundial sobre alterações climáticas de 2023, a COP28, comprometeram-se na terça-feira a aumentar a mobilização de recursos para colmatar o défice de financiamento do setor da natureza e da água.
Num painel de alto nível moderado por Lorde Zac Goldsmith, antigo Ministro do Clima e do Ambiente do Reino Unido, os bancos partilharam pontos de vista sobre o que pode ser feito de forma diferente para garantir que o mundo cumpra as agendas da água, da natureza e do clima. Os oradores incluíram representantes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Banco Asiático de Desenvolvimento e do Banco Africano de Desenvolvimento.
O Presidente do BID, Ilan Goldfajn, partilhou o programa-piloto CLIMA da instituição, uma ferramenta financeira inovadora que concede subvenções (5% do capital do empréstimo do BID) para incentivar os mutuários a atingirem os objetivos em matéria de natureza e clima. O CLIMA ajuda os países com acesso a mercados de dívida verdes e temáticos a mobilizar capital para investimentos no clima e na natureza em grande escala. Para serem elegíveis, os mutuários têm de cumprir três indicadores-chave de desempenho – definir objetivos ambientais ambiciosos, identificar as políticas e despesas adequadas para atingir esses objetivos e medir e comunicar atempadamente os seus progressos.
O Presidente do Banco Asiático de Desenvolvimento, Masatsugu Asakawa, reforçou a necessidade de a comunidade de desenvolvimento liderar a mobilização de parcerias que possam gerar financiamentos novos e adicionais. Referiu-se ao lançamento dos Princípios Comuns para o Acompanhamento do Financiamento da Adaptação às Alterações Climáticas (https://apo-opa.co/4868jkb) pelos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento e pelo Clube Internacional de Financiamento do Desenvolvimento, com o objetivo de melhorar a informação sobre o financiamento da adaptação.
Destacou também a Iniciativa para a Resiliência da Água na Ásia e no Pacífico, que o Banco Asiático de Desenvolvimento lançou na COP do ano passado (https://apo-opa.co/3RbrMJE) para mobilizar pelo menos 200 milhões de dólares até 2025 para a resiliência e segurança da água e do saneamento na Ásia e no Pacífico. "Os bancos multilaterais de desenvolvimento têm de assumir o controlo da água, da natureza e do clima", afirmou Asakawa.
A Dra. Beth Dunford, Vice-Presidente de Agricultura e Desenvolvimento Humano e Social do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, apelou a uma ação urgente para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 de "água potável e saneamento para todos".
A nível mundial, os recursos hídricos estão a diminuir e os impactos estão a intensificar-se devido ao aumento das temperaturas. Até 2030, 250 milhões de pessoas irão debater-se com a escassez de água e, até 2050, os impactos climáticos poderão custar a África 50 mil milhões de dólares por ano. Desde 2010, o Banco Africano de Desenvolvimento investiu cerca de 7,4 mil milhões de dólares na prestação de serviços de abastecimento de água e saneamento, beneficiando à volta de 90 milhões de pessoas em África.
O Banco Africano de Desenvolvimento comprometeu-se a quadruplicar o seu financiamento para a adaptação às alterações climáticas, de modo a atingir 25 mil milhões de dólares até 2025, através da promoção de investimentos inteligentes em termos climáticos. O Banco encorajará o financiamento do setor privado, particularmente para o tratamento da água, a reciclagem e outras componentes da cadeia de valor da água. Também considerará programas estratégicos de alívio da dívida, como a troca de dívida por natureza, em troca de um compromisso dos países membros regionais de investir em infraestruturas resistentes ao clima.
"Mesmo uma gota no oceano pode fazer uma onda de mudança. O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento junta-se a outros bancos multilaterais de desenvolvimento na partilha de uma visão clara para garantir a disponibilidade e a gestão sustentável dos sistemas hídricos para todos", afirmou a Dra. Beth Dunford.
O Dr. Johan Rockstrom, Diretor do Instituto de Potsdam para a Investigação do Impacto Climático e copresidente da Comissão Mundial sobre a Economia da Água, proferiu uma palestra sobre "Repensar a Arquitetura Financeira para a Água e a Natureza". Segundo ele, a natureza e o clima devem andar juntos nos esforços para criar soluções. "A sobre-exploração dos recursos naturais à escala global colocou o mundo em risco de desestabilizar todo o planeta e estamos num estado de emergência planetária", afirmou.
Apelou ainda à gestão da água e à consideração da água, da natureza e do clima como um todo quando se analisa o mecanismo de financiamento. "Precisamos de gerir a água como uma entidade, valorizada como um capital de que todos dependemos porque determina a sustentabilidade da biosfera... A água é um fornecedor de meios de subsistência, resiliência e parte da questão da mitigação".
O Dr. Rockstrom apelou à colaboração na mobilização de financiamento e no avanço de um quadro conceptual e de uma reestruturação da arquitetura financeira global para o clima, a água e a natureza, observando que o aprovisionamento e a resiliência de todos os ativos de capital natural são apoios fundamentais para o bem-estar humano e as economias.
A reunião afirmou que não pode haver um futuro sustentável sem uma atenção urgente, sistémica e coletiva às ligações inextricáveis entre as alterações climáticas, as crises da água e a perda de biodiversidade. Deve ser dada prioridade à proteção dos recursos hídricos e da biodiversidade, uma vez que são cruciais para as estratégias climáticas.
Distribuído pelo Grupo APO para African Development Bank Group (AfDB).