Os Estados-Membros da União Africana reunidos em Abidjan apelaram aos governos para acelerarem o investimento, coordenação e implementação de programas para melhorar a nutrição e a segurança alimentar em África.

Os líderes africanos participarem numa reunião de três dias para chamar a atenção para o Ano da Nutrição da União Africana 2022. A reunião terminou com a assinatura da "Declaração de Abidjan".

"Este deve ser o momento para África e a sua liderança estarem à altura da ocasião e fornecerem soluções sustentáveis para a crise da desnutrição e da fome [no continente,]", disse Sua Majestade, o Rei Letsie III, do Lesoto, aos participantes num evento organizado pelo Governo da Costa do Marfim em colaboração com a iniciativa Líderes Africanos pela Nutrição, do Banco Africano de Desenvolvimento, da Comissão da União Africana e vários outros parceiros.

O Rei Letsie III, que é Defensor Africano dos Líderes para a Nutrição e da União Africana, falou sobre a Decisão Executiva da União Africana, em julho de 2022, que apelava a um quadro político multissetorial para abordar a malnutrição, bem como ao financiamento de um compromisso político orientado e de alto nível para acabar com a malnutrição em todas as suas formas.

O Rei Letsie elogiou o governo da Costa do Marfim pela sua liderança na agenda nutricional, incluindo o patrocínio do Ano da Nutrição da União Africana.

"Não é normal que os africanos estejam subalimentados e subnutridos - precisamos de desenvolver a nossa capacidade interna de produzir para as necessidades locais", disse o Presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki.

Apesar dos progressos, a maioria dos países africanos continua a enfrentar o triplo fardo da desnutrição, onde o atrofiamento e o desperdício coexistem com a obesidade e doenças não transmissíveis relacionadas com a dieta, como o AVC e a diabetes. Estima-se que 61,4 milhões de crianças africanas com menos de cinco anos sejam raquíticas, mais de 12 milhões sejam raquíticas, e cerca de 10 milhões tenham excesso de peso.

O evento de Abidjan centrou-se no reforço da resiliência na nutrição e segurança alimentar em África. A Declaração apela à implementação e extensão do roteiro da União Africana para além de 2022. O tema do ano incentiva os estados membros a examinarem os desafios colocados pela fome e pela subnutrição e a identificarem ações e estratégias para os enfrentar.

Nas suas observações, o Vice-Presidente da Costa do Marfim, Tiémoko Meyliet Koné, apelou à ação dos líderes africanos. "A urgência para o nosso continente é salvar vidas e oferecer melhores retornos aos nossos mais jovens, que representam a esperança e o futuro da nossa comunidade e nação".

O vice-presidente Tiémoko Koné disse que o seu governo está empenhado em trabalhar com a União Africana, os países membros regionais, o Banco e a iniciativa Líderes Africanos para a Nutrição e outros parceiros para melhorar os objetivos nutricionais.

"No caso deste ano da nutrição africana, mulheres, homens e crianças serão os atores e os beneficiários colocados no centro do desenvolvimento e do progresso", acrescentou Koné.

A Dra. Beth Dunford, Vice-Presidente para a Agricultura e Desenvolvimento Humano e Social do Banco Africano de Desenvolvimento, disse que os Líderes Africanos para a Nutrição iriam trabalhar com a Comissão da União Africana para um maior impacto para além do Ano Africano da Nutrição.

Ela afirmou que a iniciativa Líderes Africanos para a Nutrição, acolhida pelo Banco, pretende aumentar os recursos financeiros para a nutrição, mobilizando os governos africanos para adotar políticas mais fortes e aumentar o financiamento para a nutrição.

Dunford salientou: "Se acelerarmos os investimentos e melhorarmos a coordenação de esforços, África fará avançar a nutrição e melhorará os resultados em matéria de segurança alimentar. O Banco Africano de Desenvolvimento e os Líderes Africanos para a Nutrição continuam empenhados em trabalhar com todos vós, particularmente o Governo da Costa do Marfim, para que as deliberações deste evento sejam transformadas em compromissos com impacto".

A cerimónia atraiu muitos líderes africanos seniores, incluindo o Vice-Presidente zambiano Mutale Nalumango; o Vice-Primeiro Ministro do Congo-Brazaville Anatole Collinet Makosso; o Ministro da Agricultura e Recursos Animais do Ruanda, Gerardine Mukeshimana; e o primeiro-ministro da Costa do Marfim, Patrick Achi.

Houve também vários ministros representando setores sensíveis à nutrição como a agricultura, saneamento e higiene da água; saúde; educação e proteção social.

Clique aqui (https://bit.ly/3hNynfz) para ler a Declaração de Abidjan.

Para saber mais sobre Líderes Africanos para a Nutrição, clique aqui (https://bit.ly/3jq09iK).