Fonte: African Development Bank Group (AfDB) |

41 países africanos deverão registar um crescimento mais forte em 2024, mantendo o continente como a segunda região com o crescimento mais rápido do mundo – Perspetivas Económicas do Banco Africano de Desenvolvimento

O relatório adverte que África não está no bom caminho para cumprir quase todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030

O futuro de África é promissor, mas temos de nos certificar de que abordamos a governação, a transparência, a responsabilização e a gestão do nosso capital natural

NAIROBI, Quénia, 31 de may 2024/APO Group/ --

A África Oriental é a região que regista uma expansão mais rápido, a África Austral deverá registar um ligeiro aumento do crescimento; O relatório propõe reformas ousadas à arquitetura financeira internacional, e uma voz africana mais forte nos MDB.

As economias africanas permanecem resilientes, apesar dos desafios que estão a testar as economias a nível mundial. De acordo com o mais recente relatório sobre as Perspetivas Económicas Africanas (https://apo-opa.co/3V6UQny) do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, prevê-se que 41 países do continente apresentem taxas de crescimento mais fortes em 2024 do que em 2023.

O relatório, apresentado na reunião anual do Banco na quinta-feira, em Nairobi, descreve o potencial de crescimento de África como “notável”. Em 2024 e 2025, o continente manterá a sua classificação de 2023 como a segunda região com o crescimento mais rápido, a seguir à Ásia em desenvolvimento. O tema do AEO de 2024, ‘Impulsionar a transformação de África: A Reforma da Arquitetura Financeira Global, está alinhado com o tema dos Encontros Anuais do Banco.

O Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Dr. Akinwumi Adesina, afirmou que, embora o Banco se orgulhasse das projeções de crescimento de muitos países africanos, tal como refletidas no relatório, não ignorava os desafios.

“O futuro de África é promissor, mas temos de nos certificar de que abordamos a governação, a transparência, a responsabilização e a gestão do nosso capital natural. Temos de garantir que os recursos são utilizados em benefício das pessoas deste continente... O tipo de resiliência de que estamos a falar não pode acontecer se não tratarmos da questão das alterações climáticas”, afirmou.

“Temos de nos certificar de que estamos a investir nos nossos jovens – nas suas competências, talentos e empreendedorismo, e a dar-lhes ferramentas. É por isso que estou entusiasmado com o que estamos a fazer com os Bancos de Investimento para o Empreendedorismo Jovem”, acrescentou o Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento.

O relatório adverte que África não está no bom caminho para cumprir quase todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. 

Argumenta que, a menos que sejam tomadas medidas corretivas, nomeadamente para inverter a curva de pobreza crescente, África será o lar de quase 9 em cada 10 (ou 87%) dos extremamente pobres do mundo até 2030.

De acordo com o relatório, a recuperação do crescimento médio de África inclui uma expansão para 3,7% em 2024 e 4,3% em 2025, ultrapassando a média global projetada de 3,2%. Prevê-se que 17 economias africanas cresçam mais de 5% em 2024. O número poderá aumentar para 24 no ano seguinte, à medida que o ritmo de crescimento acelera.

Prevê-se também que esta trajetória de crescimento ultrapasse os níveis anteriores a 2023, com a África Oriental a liderar enquanto região de crescimento mais rápido (até 3,4 pontos percentuais), e outras a registarem também uma expansão robusta.

Numa apresentação, o Economista-Chefe e Vice-Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Prof. Kevin Chika Urama, sublinhou a razão pela qual as políticas estratégicas e o firme compromisso político são fundamentais para a utilização eficaz da riqueza dos recursos para a geração de receitas internas.

Também descreveu as infraestruturas, incluindo estradas, caminhos-de-ferro e pontes, e as infraestruturas leves, incluindo o conhecimento e a capacidade de governação institucional, como “duas asas de um avião”.

"O investimento em infraestruturas produtivas é fundamental para acelerar a transformação estrutural de África", afirmou.

Desempenho e perspetivas de crescimento por região:

As perspetivas de crescimento variam entre as regiões de África, refletindo diferenças na estrutura económica, na dependência das matérias-primas e nas políticas.

África Oriental

A África Oriental, a região com o crescimento mais rápido da região, verá o PIB aumentar de uma estimativa de 1,5% em 2023 para 4,9% em 2024 e 5,7% em 2025. A revisão em baixa de 0,2 pontos percentuais para 2024, em comparação com a previsão do Desempenho e Perspetivas Macroeconómicas Africanas (MEO) (https://apo-opa.co/4aK492D) de janeiro de 2024, deve-se a contrações maiores do que as previstas no Sudão e no Sudão do Sul, na sequência do conflito em curso no primeiro.

África Central

Prevê-se que o crescimento na África Central seja moderado, passando de 4,3% em 2023 para 4,1% em 2024, antes de melhorar fortemente para 4,7% em 2025. A atualização das previsões deve-se às expectativas de um crescimento mais forte no Chade e na República Democrática do Congo, em resultado dos preços favoráveis dos metais.

África Ocidental

Prevê-se que o crescimento aumente na África Ocidental, passando de uma estimativa de 3,6% em 2023 para 4,2% em 2024 e consolidando-se em 4,4% no ano seguinte. Trata-se de uma melhoria de 0,3 pontos percentuais para 2024 em relação às projeções do MEO 2024 de janeiro, refletindo um crescimento mais forte nas grandes economias da região – Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Senegal.

Norte de África

No Norte de África, prevê-se que o crescimento diminua de um valor estimado de 4,1% em 2023 para 3,6% em 2024 e 4,2% em 2025, com uma revisão em baixa de 0,3 pontos percentuais para 2024 em relação ao MEO de janeiro de 2024. Com exceção da Líbia e da Mauritânia, o crescimento foi revisto em baixa para todos os outros países da região.

África Austral

Prevê-se que o crescimento na África Austral aumente ligeiramente, de uma estimativa de 1,6% em 2023 para 2,2% em 2024 e cresça para até 2,7% em 2025. As taxas de crescimento para 2024 e 2025 apresentam uma melhoria de 0,1 pontos percentuais em relação às projeções de janeiro de 2024, refletindo principalmente um aumento de 0,7 pontos percentuais no crescimento projetado para a África do Sul. Devido ao maior peso da África do Sul na região, a atualização das previsões de crescimento compensou o efeito combinado das revisões em baixa em Angola, Botsuana, Lesoto, Zâmbia e Zimbabué.

Relatório apresenta propostas ousadas para reformar a arquitetura financeira mundial

O relatório sobre as Perspetivas Económicas Africanas de 2024 apela a uma revisão da arquitetura financeira global para transformar as economias africanas. Isto inclui dar a África uma maior voz nos bancos multilaterais de desenvolvimento e nas instituições financeiras internacionais, refletindo a sua crescente participação no produto interno bruto mundial e a riqueza dos seus recursos naturais.

“Sejamos claros. Ao procurar transformar a arquitetura financeira mundial, África está apenas a pedir uma parte justa do acesso e da disponibilidade de recursos para aproveitar as nossas vastas oportunidades económicas”, afirmou Adesina.

O relatório sublinha as insuficiências flagrantes do atual sistema financeiro mundial para colmatar as necessidades de financiamento de África para a transformação estrutural, estimadas em 402,2 mil milhões de dólares anualmente entre agora e 2030. Para retificar estas disparidades, o relatório propõe uma agenda arrojada para reformar a arquitetura financeira global, incluindo nas cinco áreas-chave seguintes:

Alavancar o financiamento do setor privado: O documento defende uma maior participação do setor privado para complementar os investimentos públicos, particularmente em áreas com elevados retornos sociais, como a ação climática e o desenvolvimento do capital humano.

Simplificar a Arquitetura do Financiamento Climático Global: O relatório apela à simplificação da arquitetura do financiamento climático global para melhorar a coordenação e facilitar o acesso dos países africanos, que são desproporcionalmente afetados pelas alterações climáticas.

Reformar os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMD): O OEA insta os bancos multilaterais de desenvolvimento a reverem os seus modelos de atividade, a fim de concederem financiamento concessional de longo prazo e em grande escala aos países em desenvolvimento, reforçando as suas posições de capital e canalizando uma parte dos Direitos Especiais de Saque (SDR) do FMI para os bancos multilaterais de desenvolvimento, e também garantindo um reabastecimento salutar das janelas concessionais do Banco Africano de Desenvolvimento e do Banco Mundial – o Fundo Africano de Desenvolvimento e a Associação Internacional do Desenvolvimento.

Simplificar os mecanismos da resolução da dívida: Reconhecendo a natureza lenta e complicada dos mecanismos de resolução da dívida existentes, o relatório sobre as Perspetivas Económicas Africanas defende reformas para acelerar a resolução da dívida e garantir uma gestão sustentável da dívida, incluindo soluções inovadoras baseadas no mercado, como os ‘títulos Brady’, o alívio da dívida para fins climáticos e os sistemas de autoridade da dívida soberana.

Melhorar a mobilização de recursos internos: O relatório sublinha a importância de reforçar a mobilização de receitas internas através de melhores políticas fiscais, melhorando a eficiência na coleta e utilização das receitas fiscais, o combate aos fluxos financeiros ilícitos e a evasão fiscal e o aproveitamento dos abundantes recursos naturais de África.

De acordo com o relatório, “a mobilização dos recursos domésticos é boa, mas também é bom um uso prudente destes recursos; os países devem, por isso, fortalecer a capacidade de melhorar a gestão das finanças públicas”.

Todos os anos, o relatório sobre as Perspetivas Económicas Africanas fornece evidência e análises oportunas e cruciais para os decisores políticos africanos, capacitando-os para tomarem decisões informadas.

- Perspetivas Económicas Africanas 2024 (https://apo-opa.co/3V6UQny)

Distribuído pelo Grupo APO para African Development Bank Group (AfDB).

Fotos (https://apo-opa.co/3yGGnat)

Contacto para os media:
Emeka Anuforo
Departamento de Comunicação e Relações Externas
media@afdb.org

Sobre o Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento:
O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento é a principal instituição financeira de desenvolvimento em África. Inclui três entidades distintas: o Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB), o Fundo Africano de Desenvolvimento (ADF) e o Fundo Fiduciário da Nigéria (NTF). Presente no terreno em 41 países africanos, com uma representação externa no Japão, o Banco contribui para o desenvolvimento económico e o progresso social dos seus 54 Estados-membros. Mais informações em www.AfDB.org/pt